19 outubro 2007

Fragmentos

O problema é que partimos do princípio de que a normalidade existe e de que tudo, comportamentos, características, gostos... tudo segue uma curvatura normal.
Um amigo que entende matemática me fez ver que aí está um grande problema. Em alguns casos, a normalidade pode não existir (*). Podem haver dois, três picos. É como a beleza das mulheres de bailes funks. Não seguem a curva normal. Ou as mulheres são muito feias ou são muito bonitas. O meio-termo, que devia ser maioria (isso seria a normalidade) quase não existe. A ponta da curva (muita feiúra) adiquire proporções enormes, a outra ponta também tem um pico.
Isso é estranho. As vezes me sinto estranha por não me encaixar nesses picos. As vezes sinto que não tenho par nisso tudo, mas não por estar em uma das pontas da curva, por ser demais ou de menos e por isso, rara. As vezes sinto que simplesmente não me encaixo.


Gauss e sua normalidade. Cálculo, dispersão... nem sempre a normalidade existe. As vezes é apenas um traço imaginário que permite que organizemos as coisas pra nos sentirmos melhor.
Nós acreditamos mesmo na normalidade. Se ela existisse, eu, você, todos nós seríamos normais. Mesmo os excessos fariam parte da variação esperada, seriam normais. Nós pertenceríamos.
Mas nem sempre é uma questão de excessos, às vezes é uma questão de não fazer parte, de perceber que não há o normal e que, de repente, podemos nos descobrir extremamente sós.