25 outubro 2006

Mais do mesmo

Os meses se passam e eu me sinto igual.
Vazia, cansada e sem motivo. Mas hoje fez um belo dia, eu poderia ter aproveitado se tivesse conseguido sair do sofá pra dar uma caminhada. Não consegui, o que não alterou em nada a beleza do dia, agora acabado. Tenho tido sonhos estranhos, de morte, suicídio, corpos humanos em pedaços. Esses sonhos me dizem que estou morta em vida, e é assim que estou. Em um círculo vicioso de letargia, drogas, ressaca moral e mais letargia. Fujo da vida em loucas noitadas, fujo das lembranças dessas noites febris me escondendo dentro de casa e no fim das contas já estou ficando de saco cheio disso tudo. Beijo cinco, seis pessoas em uma noite, corpos convulsos que me tomam em seus braços e um dia descubro que apenas o que quero é um abraço. Me perco em buracos cada vez mais fundos e, quando me acho não me reconheço. E finjo acreditar na mentira de que meu maior problema é que não esqueço. Não importa o quanto eu beba, não esqueço.
Rio por fora enquanto me destruo por dentro. Não é o tempo todo, mas é sempre.

E sempre choro quando escuto essa música:
"...Descobri que a cada segundo
tem um olho chorando de alegria e outro chorando de luto
tem louco pulando o muro,
tem corpo pegando doença tem gente rezando no escuro,
tem gente sentido ausência

Meninas... são bruxas e fadas
Palhaço é um homem todo pintado de piadas
Céu azul é o telhado do mundo inteiro
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro."

(Trecho de: eu não sei na verdade quem eu sou, do Teatro Mágico)

01 outubro 2006

Pílula de desespero

É, a fossa me pegou mesmo... A tempestade parece que só vai piorar, o dia enegrecendo à minha volta.
Me pergunto se devo tentar os remédios... fluoxetina, ansiolíticos, cloridrato de anfepramona... O que você pensa que são? Uma tábua de salvação - ele me perguntou e eu não soube responder. Ele pergunta demais, até mesmo pra quem é pago pra isso.
Penso que preciso de ajuda, só isso.
Ele pensa que não.

Mas, tirando a fossa, o tédio, o mal-estar e o medo do mundo estou bem, e esse talvez seja o problema. Talvez eu conseguisse mais atenção e conivência se deixasse transparecer um pouquinho dos meus sentimentos, se deixasse que meu terapeuta, minha família e meus amigos percebessem o quão perto estou do precipício. Às vezes penso que estar bem é apenas mais uma forma de me destruir, de ir cada vez mais fundo até que seja tarde demais pra voltar. Rio, brinco, sou simpática com todos. Não choro senão escondida. Faço parecer que estou bem até quando meu peito mais parece uma vidraça partida. Estou aprendendo a tratar com leveza de assuntos pesados. O teatro da vida não pode parar...
Mas é de noite, é quando as horas se estendem em direção a madrugada que sinto um gelo na espinha e tremo. É chegada a hora de encarar os meus demônios, de lutar contra eles.
Até quando terei forças?